OS JOGOS SÃO CAPAZES DE INFLUENCIAR?

"Os jogos, sozinhos, não causam esse tipo de comportamento..."

OS JOGOS SÃO CAPAZES DE INFLUENCIAR?

Mas será que os games têm mesmo esse poder todo? Para o neurologista Saul Cypel, presidente do Departamento de Neurologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SP-SP), os jogos podem, sim, influenciar. No entanto, não há comprovações científicas de que eles possam ser unicamente responsáveis por desenvolver na criança um comportamento agressivo. “Os jogos, sozinhos, não causam esse tipo de comportamento. O que pode acontecer é as crianças ficarem predispostas e mais sensíveis por causa de um conjunto de fatores, como a convivência em um ambiente violento ou um problema psicológico”, afirma.

O psicólogo Yuri Busin, diretor do Centro de Atenção à Saúde Mental e Equilíbrio (CASME), concorda. “O que vemos hoje é falta de regras. Os pais deixam os filhos fazendo o que querem e as crianças, por sua vez, vão testando os limites”, explica. “Mas, sim, os pais precisam estar atentos aos conteúdos que as crianças estão vendo. A principal dica é verificar a indicação da faixa etária. Quando os pais não respeitam isso, acabam mostrando uma quebra de regras”, aponta o psicólogo.

É PRECISO LIMITAR O USO?

Os jogos, até mesmo de batalhas, também têm suas vantagens. “Estratégia, pensamento, tolerar frustrações… Existem milhares de benefícios que podem ser trabalhados em jogos”, afirma o psicólogo. E apesar de afirmar que, sozinhos, os jogos não são capazes de fazer com que uma criança se torne violenta, o especialista explica que é indispensável impor limites. “Jogos em excesso podem causar diversos outros problemas como de socialização, dificuldade de interação, intolerância… É importante fazer outras atividades e aprender a conviver com as pessoas”, orienta Yuri.

“Uma criança de 8 anos deve estar exposta, no máximo, 50 minutos por dia a televisão, ipads ou videogames. E além do conteúdo das telas, também é importante estar atento à escola e às relações com os amigos”, afirma o neurologista. O psicólogo ainda complementa. “Além de regras e limites de horários, os pais podem se informar sobre o conteúdo dos jogos e até jogarem antes para avaliar, por que não?”, orienta Yuri.

Por fim, a orientação é estar atento também a mudanças no comportamento. “Analise a forma de interação dentro e fora da família. Crianças que não toleram uma ideia contrária a sua, querem impor suas opiniões agressivamente, não sabem trocar, são agressivas diante de uma frustração ou não aceitam as regras do dia a dia, devem receber uma atenção especial, pois, tudo isso é um alerta. Quanto antes esses sinais forem notados, mais facilmente serão revertidos. Se a criança chegar na adolescência com toda uma estrutura imatura, os pais podem perder o controle”, finaliza Saul.

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