COMO LIDAR COM CRIANÇAS EM LUTO

Texto adaptado de Fernanda A. Accorsi

COMO LIDAR COM CRIANÇAS EM LUTO

Muitos pais se perguntam: Como falar com as crianças sobre a morte? Como abordar o luto na infância?

 

No primeiro momento e com a intenção de protegê-las, a família esconde o fato, como se ao afasta-las do assunto pudessem também afastá-las da dor e do sofrimento. O tema ainda é um tabu social e é preciso falar sobre ele para que a criança consiga compreender os fatos, se expressar e aliviar a aflição.

 

Segundo a psicóloga Danielle Fernandes, que tem experiências no tratamento de criança órfãs, a criança já nasce com instinto sobre a morte, no entanto ela encara a situação conforme a família reage. “Se ela percebe que os pais não falam de um tio que morreu, não demonstram emoções, ela também se sente na condição de guardar seus sentimentos, o que não pode ocorrer. Ela precisa se expressar para vivenciar o que está acontecendo”, orienta. O ideal é não esperar algum incidente acontecer para falar sobre a morte com as crianças, mesmo com as menores. “A morte de um animal de estimação ou de uma planta já serve como deixa para a explicação de que aquele ser não vai mais voltar”, explica Danielle.

 

Ao conversar com uma criança sobre a morte de um parente ou animal de estimação, é preciso manter as verdades dos fatos, mas sem entrar em muitos detalhes e com uma linguagem apropriada. Utilizar frases como “ela não vai mais voltar”, “ele dormiu para sempre” parecem cruéis, mas são as formas corretas de falar sobre a ausência física de alguém e também não dar esperanças aos pequenos de que este alguém vá voltar. Com certa frequência, os pais evitam contar as más notícias a seus filhos e pedem ajuda aos familiares para que eles façam o papel de mensageiros, o que não é recomendado. Quanto mais próxima a pessoa for do jovem, melhor ele vai entender e confiar naquilo que está sendo explicado.

 

Existe três fases do luto: o protesto, em que não se aceita o ocorrido; o desespero, muitas vezes anexo à depressão e a agressividade; e a fase de esperança, onde se busca novas relações, novos sentimentos. A duração de cada fase depende de como a família lida com o assunto e age com a criança. Danielle ressalta que as crianças são muito espertas e que os pais não devem subestimá-las quando o assunto é a morte. “É preciso manter a rotina durante o luto, sem esquecer que elas têm muitas dúvidas sobre como será a vida delas a partir daquele momento e explicar que elas têm com quem contar, que existem pessoas que as amam, estas atitudes que diminuem o sofrimento”, esclarece.

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